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Sentimentos: serão eles simples distrações?

Pelo meu pai, jamais teríamos tido qualquer animal de estimação. Ele costumava dizer: “Daí a gente se apega nesses bichinhos e sofre quando eles morrem ou vão embora.” E, de fato, ele era alguém que amava muito, e que sofria profundamente quando chegava o momento da despedida, a hora de desapegar. Assim foi até o fim de sua vida, uma luta contra o desfecho daquilo que seria inevitável. Deixar o amor tomar conta, se entregar de corpo e alma ao amor, é uma decisão que envolve coragem e disposição para um profundo crescimento. Uaaaau...! Que bom!! Quero crescer!!


Ao longo da vida, selecionamos ou construímos caminhos que nos apresentam paisagens incríveis e novamente decidimos se vamos seguir viagem no conforto do trem e deixá-las passar ou se nos arriscamos a mergulhar nelas e sentir seu cheiro, seu calor ou seu frio; se deixamos a caminhada nos ferir os pés ou se vestimos um calçado apropriado; se damos meia volta e desistimos ou se vamos em frente, com disposição para aceitar todo e qualquer tipo de surpresas.


“Sentido é só sentindo que se sente”, canta o querido músico Fê Stok. E aí queremos também selecionar o que sentir. Mas não é assim que acontece, né?! Os sentimentos simplesmente vêm, e neutralizá-los é como varrer a sujeira para debaixo do tapete. Um dia, quando alguém resolver tirar o seu tapete protetor da sala, todo o pó vai subir. E não vai ter aspirador com potência suficiente para evitar os espirros, a tosse, a falta de ar. Jogar água vai transformar o pó em lama e vai ficar ainda mais difícil de limpar todos aqueles recalques acumulados. Deus do céu, que trabalheira!! Será que tudo isso faz algum sentido?


Depois da poeira baixar, vai ser preciso encarar o ‘prejuízo’.

Sentimentos são janelas que nos revelam paisagens diversas: algumas belas e iluminadas, outras melancólicas, profundas ou horripilantes. Não importa. O que importa, é que essas paisagens fazem parte do caminho de amor que resolvemos seguir e jamais teremos controle sobre elas. Se apresentam como são, no instante exato – nem antes, nem depois. Eles mexem com a maneira com que lidamos com as pedras e pétalas que vamos encontrando pela estrada. E a rigidez de querer enquadrar e imobilizar tudo e todos que sejam uma ameaça ao roteiro que estabelecemos para nossa trajetória, pode nos passar uma rasteira! Daí quebramos a perna e ficamos pendurados de cabeça para baixo, no limbo... obrigados a passar por uma reforma interior.


“Pela janela do quarto, pela tela, pela janela... Eu vejo tudo enquadrado. Remoto Controle.”

ESQUADROS (Adriana Calacanhotto)


Que tal uma reforminha?

E eu adoro reformas!! Elas fazem uma bagunça danada, mas depois fica tudo novo, limpinho, diferente... Bem mais legal.

Só que reformas estruturais e coronárias da alma, pedem um profundo mergulho naquelas águas das emoções que, muitas vezes, temos medo de olhar de pertinho. A gente precisa primeiro perder o medo de se entregar ao amor. Aquele amor que faz a gente sair daquele armário escuro e com cheiro de mofo e se DES-COBRIR. Se desnudar, se olhar e se olhar sem maquiagens. Com verdade. Peladão. Sabe aquela caverna escura e profunda em que temos medo de entrar? Huuuummm.... eu acho que vi um gatinho... OPS! Na verdade, vi um tesouro!

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