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Milagres da Multiplicação

Esse filme me fez lembrar de uma situação parecida que aconteceu comigo no colégio, quando eu tinha 10 anos de idade. Era aula de ‘artes plásticas’ e todos os alunos tinham que ter trazido restos de lã (daquela grossa, de fazer matelassê), para fazermos um trabalho de colagem em sala de aula.



Bom. A minha mãe detestava trabalhos manuais. Portanto, esse negócio de ter lã em casa, não era muito a praia dela. Não adiantou nada, eu explicar para ela que eu precisava disso pro colégio, que ia valer nota etc., etc... Aliás, “nota” era tudo o que ela não tinha naquela época: com a casa hipotecada, o dinheiro estava curto e novelos de lã eram caros. E a professora ainda queria de cores variadas!... Sem chance.


Claro que cheguei de mãos vazias e levei bronca da professora por não ter trazido ‘a tarefa’. Tentei novamente explicar (dessa vez ao outro lado) e só ouvi um sonoro, “onde já se viu uma mãe não ter lã em casa?” e vi um dedo enorme apontando para a diretoria... Lá fui eu chorando muito, para a sala do diretor. Acho que, naquela hora, os anjinhos entraram em ação e sussurraram alguma compaixão em seu ouvido pois não é que o diretor ouviu a minha explicação e me mandou voltar à sala, de boas?! E, quando abri a porta e entrei na classe, havia acontecido uma coisa linda: a minha mesa estava cheia de pedaços de lã, de todas as cores!!! Só de lembrar, meus olhos já estão se enchendo d’água...



Meus coleguinhas, meus amigos, todos da minha turma, me deram um pouco da lã que tinham trazido! Não sei até hoje de quem foi a ideia – se da própria professora, que foi iluminada pelos anjinhos - ou das minhas amigas e amigos. Mas o fato, é que eu fiquei muuuuuito feliz e aquilo foi como uma cura instantânea daquela dor que eu tinha passado. Foi algo tão imenso e suave ao mesmo tempo...! Indescritível descrever aqui o que senti, o que foi todo aquele carinho em uma sala de 35 alunos.




Agora você deve estar se perguntando: “E o trabalho?” Posso dizer que ficou lindo! Eu agora tinha tanta lã, com tantas cores, que eu pude escolher à vontade. Optei por fazer um degradê da cor lilás, pois de todas era a cor da qual havia mais tonalidades, além de ser uma cor que adoro até hoje! Ficou bonito, muito bonito mesmo :-) Mas o trabalho ficou bonito também porque coloquei no trabalho o mesmo AMOR que recebi daquela galera linda!


E assim fluiu Narayana.


08/10/2019






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