top of page

Jornada ao Coração

Sempre gostei de anos ímpares. Em minha vida, eles sempre foram marcantes – turning points que revelaram aberturas para horizontes mais definidos, objetivos mais claros, caminhos novos para explorar, mudanças de atitudes e/ou atividades.

Assim, 2015 não poderia ser diferente. Para o mundo, foi um ano radical, de extremos que trouxeram sustos, pesares, dor, destruição... e reflexões. No tempo presente, movimentos radicais estão reconfigurando ordens mundiais a partir do coração da Europa, expondo nossos medos mais profundos. Rios de lama tóxica rasgam veios de sangue e lágrimas na Terra, abrindo feridas latejantes, daquelas que não param de doer e ficam cada vez maiores.

Sim, transformações machucam muito! Principalmente quando não temos ainda o remédio para a cura. Mas elas são necessárias para o crescimento. Obrigam-nos a revisitar nosso ser interior, a rever nossos conceitos, nossos sentimentos. E, por mais que estejamos em grupo, a travessia é sempre uma jornada solitária, de reflexões íntimas em águas traiçoeiras e profundas. O coração fica aflito, buscando energia para seguir em frente.

Ah, como é difícil desapegar-se de lembranças e de influências do passado! Mas a vida é movimento, deve fluir sempre. É preciso ter coragem para respirar profundamente, abrir o peito e encarar o novo! Rever conceitos e programações enraizadas no fundo do coração, requer força para quebrar camadas resistentes que impedem um crescimento equilibrado do planeta, seja ele externo ou interno. No final das contas, é tudo a mesma coisa.

Estamos todos conectados por nossos neurônios, por nossas diferentes energias, pela web, pelas emoções... Se uma explosão destruiu monumentos, rios, vidas ou histórias, não importa. Toda explosão vem acompanhada de muita dor. Para lidar com ela, vamos em busca de luz: acendemos velas para encontrar consolo e esperança, e para abrir caminhos. É o que acontece quando nascemos, né?

E todo nascimento vem acompanhado de sangue e água! Olhar para um bebê (seja ele humano ou um animalzinho), desperta nosso amor incondicional. Imediatamente após o nascimento, as dores do parto dão lugar à compaixão e à união. Damos à luz e nos conectamos.

Que em 2016 possamos “recriar o paraíso agora, para merecer quem vem depois”...

O Sal da Terra (B.Guedes, Ronaldo Bastos)

bottom of page